Linux, poker e a zona de conforto

Linux, poker e a zona de conforto

Sim, este é o título deste artigo. De imediato pode parecer que ele não tem argumento, pé e nem cabeça. Todavia, podemos demonstrar que essas duas coisas – poker e o Linux enquanto sistema operacional – tem algo em comum.

Linux

Aí você me pergunta: qual seria essa coisa em comum? Respondo, é simples: o preconceito. Muitas pessoas que conheço torcem o nariz quando a palavra poker é mencionada. Alguns acham que trata-se de um jogo de azar, que as suas regras são complicadas. Que não tem tempo nem para jogar o poker online. Quando menciono que não uso Windows em meu computador – mas, sim, Linux – também vejo os mesmos sorrisos amarelos e inclinadas de cabeça para trás. “É complicado de mexer”. “Não dá para rodar jogos”. Em ambos os casos muitas pessoas dizem tais coisas sem sequer terem “provado” as coisas em questão.

Isso é típico do ser humano. Nós não gostamos do desconhecido. O ser humano foi criado para viver numa zona de conforto. Duvida? Ora, é só você regressar aos seus primeiros momentos como vida neste planeta – ou seja, no útero de sua mãe. Este é conhecido pela psicologia moderna como o fato gerador da sensação de zona de conforto que nós sentimos ao longo da vida – e o medo de perdê-la, por mais que haja prospectos mais interessantes fora dela. O Windows é a zona de conforto dos usuários de computador. Afinal de contas, muitas vezes não podemos escolher – a exemplo do nosso modo de reprodução e desenvolvimento embrionário no útero de nossas mães – com qual sistema operacional nossas máquinas virão de fábrica. E exceto computadores da Apple (com o Mac OS), 99,9% dos computadores vendidos no varejo serão acompanhados do Windows em suas mais diversas versões. É assim do Windows NT, passando pelo 95 – o miraculoso que podia rodar até 4 programas ao mesmo tempo – e até hoje no Windows 8. Eis a zona de conforto: para que vou usar outro sistema operacional?

As aparentes vantagens que o Linux apresenta são sequer consideradas pelos usuários da zona de conforto. O baixo custo? Blah, já comprei e paguei meu computador com Windows (a famosa venda casada, que na verdade é vedada pelo Código de Defesa do Consumidor).

Segurança? Ok, eu sei que meu Windows é vulnerável. Mas eu só uso o Word e alguns sites da internet… Meus amigos não me mandam vírus! Enfim, as desculpas serão inúmeras.

Preconceito decorre, em sua semântica de “pré-conceito”. Ou seja, um conceito que foi elaborado pelo senso comum antes mesmo de haver contato entre o sujeito e o objeto ou outro sujeito. É exatamente isso que ocorre no caso do Linux. O senso crítico nos diz que programas .exe (a grande maioria dos vírus) não rodam no Linux – e mesmo se rodassem, para a instalação necessitariam de autorização do usuário root.

O mito do “tem coisas do Windows que não rodam no Linux” cai quando o senso crítico nos diz que existem programas como o WINE, que simulam o ambiente de Windows para rodar aplicativos (dentre eles, jogos) nativos do sistema da Microsoft.

Enfim, a zona de conforto é um pensamento limitante. Mas se você está lendo este artigo, tenho certeza que ao menos está com gana de sair desta zona de conforto – será que consegue romper os preconceitos e sair de vez para um sistema operacional mais seguro, estável e sem tela azul da morte?